Turismo sustentável impulsiona renda e preservação na Amazônia
(Foto: Reprodução) – Nas águas do Rio Xingu, a preservação de quelônios tornou-se o eixo central de uma experiência turística que envolve educação ambiental e vivência ribeirinha.
Aliando conservação da biodiversidade e prosperidade econômica, um novo modelo de negócios vem ganhando força na Amazônia. Empreendedores apostam no turismo de base comunitária e de experiência para desenvolver roteiros integrados à comunidade local e que transformam a conservação ambiental em fonte de renda. Em diferentes regiões do Pará, a Rota Turística Tartarugas da Amazônia e a Rota Amazônia Atlântica se destacam como exemplos práticos de como valorizar a cultura, a natureza e gerar renda digna para populações tradicionais.
A Rota Turística Tartarugas da Amazônia nasceu da necessidade de proteger uma das fases mais críticas da vida silvestre local: a desova e a eclosão das tartarugas.
Wyllyan Farias, sócio-proprietário da Xingu Adventure, empreendimento responsável pela rota turística, explica que o projeto surgiu para combater uma ameaça antiga. “Na Rota das Tartarugas da Amazônia, a gente teve a motivação de mostrar um pouco da beleza da Amazônia para o resto do Brasil, principalmente em uma época tão sensível das tartarugas, que é a parte de soltura delas”, explica. “A gente faz uma ação de educação ambiental porque são animais muito sensíveis. Há muito tráfico delas, então, a gente queria mudar um pouco desse paradigma e trazer principalmente a comunidade local para o turismo e valorizar mais a tartaruga no seu habitat natural, viva”.
O roteiro leva os visitantes até a Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Vitória de Souzel e ao Tabuleiro do Embaubal. Em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), os turistas participam ativamente da conservação, auxiliando na escavação de ninhos marcados, contagem e soltura dos filhotes em locais seguros do rio.
Entretanto, o impacto econômico vai além da observação da fauna. A rota é desenhada para contribuir com a geração de renda direta às famílias ribeirinhas. O transporte fluvial é feito por barqueiros da comunidade e a alimentação é fornecida pelos moradores locais. “A gente geralmente sai de Altamira, que é a cidade sede da nossa empresa e o portal de entrada da região turística do Xingu. Então, a gente se desloca de Altamira até a cidade de Vitória do Xingu, onde pegamos uma embarcação e vamos até as ilhas do Rio Xingu, que pertencem ao município de Senador José Porfírio. Lá está a reserva Tabuleiro do Embaubal, onde acontece a desova das tartarugas”, explica Wyllyan.
Acompanhamos por técnicos do Ideflor-Bio, o grupo de turistas segue para as praias onde as tartarugas fizeram a desova. Mantendo todos os cuidados ambientais necessários, os turistas têm a oportunidade de acompanhar a escavação dos ninhos, a contagem das tartarugas e a soltura. “A gente faz a soltura das tartaruguinhas todas no Rio Xingu, em um local onde a gente acredita que elas tenham mais probabilidade de chegar à fase adulta, nos locais mais longe de predadores”, aponta. “E depois disso a gente segue para outra reserva que fica ao redor, que é a RDS Vitória de Souzel, onde a gente faz um tour”.
O tour começa no café da manhã, servido na casa de uma família ribeirinha, que não apenas prepara o café, como também recepciona os visitantes e conta um pouco de sua história no território. “Eles são criadores de búfalos, então, a gente tem a experiência de tirar foto com búfalo, montar no búfalo. E o café da manhã é regado por queijo de búfala, leite de búfala, manteiga de búfala, um café bem regional”.
A rota segue para outra comunidade. Outra família ribeirinha recebe os visitantes com um almoço regional, com itens como o tradicional peixe frito e uma galinha caipira que é da produção da própria comunidade. “Geralmente, o pescador já chega de manhãzinha cedo e traz aquele peixe fresquinho para a gente comer na hora. E enquanto a gente espera o almoço, na frente da casa tem uma bela praia. Então, a gente fica tomando banho na praia, eu levo alguns equipamentos de caiaque para os nossos clientes aproveitarem o rio em um momento de lazer e depois a gente almoça um pouquinho e faz o retorno até Altamira, aonde acaba o nosso roteiro”.
Wyllyan Farias destaca que a integração com as comunidades locais é total e se estende por todo o período do roteiro. “A comunidade é totalmente inserida no trajeto também. Quem faz o nosso trajeto na embarcação é alguém da comunidade, então, a gente faz esse trabalho junto com a comunidade”, conta. “Além disso, o guia que vai com a gente encontrar os ninhos das tartarugas também é um ribeirinho local que tem muita experiência nisso, além das famílias que nos recebem para o café da manhã e para o almoço”.
Experiências sensoriais e gastronômicas
Enquanto no Xingu o foco é a fauna, no nordeste do estado, a Rota Amazônia Atlântica consolida um trabalho de uma década focado na agricultura familiar e na bioeconomia. Abrangendo municípios como Belém, Santa Bárbara, Castanhal, Bragança e Augusto Corrêa, o roteiro conecta produtores rurais que transformaram suas propriedades em destinos de experiências sensoriais e gastronômicas.
A fundadora e coordenadora da Rota, e CEO da Fazenda Bacuri, Hortência Osaqui, explica que a iniciativa é fruto de uma visão de longo prazo iniciada por seu pai, que acreditava que o cultivo do bacuri traria mais rentabilidade que o corte e queima da floresta. Hoje, a rota oferece desde observação de aves e vivências com a produção de farinha e cacau, até o inusitado “micoturismo”, que é a observação de fungos na floresta.
“O nosso grande foco é estar dentro da produção rural, entender que não é apenas receber o turista, mas sim ter o empreendedorismo rural, onde independente de receber ou não, você tenha ali um valor econômico para que você possa se manter”, pontua Hortência.
Essa estratégia protege os produtores da sazonalidade turística e agrícola. Hortência detalha como a diversificação funciona na prática. “Uma das coisas que a gente trabalha muito nessa questão do empreendedorismo rural é que em todo o período do ano se tenha uma rentabilidade econômica independente de cada atividade rural”, aponta.
“Se no momento ele não tem a macaxeira para vender, mas ele tem a experiência de fazer a farinha. Então, eles conseguem entender esse processo, esse calendário de produção anual. É esse o impacto que a gente vem fazendo dentro da atividade rural: mostrar que na propriedade rural existe uma sazonalidade, sim, e que podemos conviver muito bem com ela, falando em termos econômicos e ambientais”.
A iniciativa funciona também como uma incubadora de negócios locais. A Fazenda Bacuri transfere “tecnologia social” para outros empreendedores, prestando consultoria para que desenvolvam seus próprios produtos turísticos. O sucesso do modelo foi reconhecido nacionalmente, sendo o único projeto com ênfase em frutas da Amazônia na Região Norte validado pelo Ministério do Turismo. “A Rota iniciou em 2015, então, este ano faz 10 anos que a gente vem fazendo esse trabalho de formiguinha, falando desse empreendedorismo rural nessa região da Amazônia Atlântica. E a validação pelo Ministério do Turismo aconteceu em 2022”, pontua. “Então, todo esse trabalho é longo, não é uma coisa que aconteceu de ontem para cá. São 10 anos que a gente vem divulgando esse trabalho, contando histórias de verdade, onde o foco principal é o empreendedor rural”.
Fonte: Portal Debate e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 15/12/2025/07:37:46
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