Alfabetizada depois dos 30 anos, mulher faz Enem pela 1ª vez em Belém: ‘sonho cursar Direito ou Pedagogia’

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Foto Reprodução| Aos 48 anos, Débora da Silva Carvalho concluiu neste domingo (7) a segunda etapa do Enem na Escola Lauro Sodré, no Marco, em Belém, coroando uma jornada que começou tardiamente, mas cheia de determinação.

Alfabetizada apenas depois dos 30 anos e com limitações motoras decorrentes de falta de oxigênio no parto, ela passou 12 anos entre o ensino fundamental e médio até conquistar o diploma e chegar à porta do exame. Agora, sonha em cursar Direito ou Pedagogia.

A história foi contada pelo irmão, Fábio Márcio Medeiros da Silva Freire, que acompanhou a irmã na saída da prova. Ele conta que Débora achou o segundo dia mais difícil do que o primeiro e recebeu apoio de duas profissionais selecionadas para ler as questões e preencher o cartão-resposta ajuda a que ela tem direito, devido às limitações de fala e escrita.
“Independente do resultado, ela já é uma vitoriosa”, disse.
O segundo dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi aplicado a 95,7 mil estudantes, neste domingo (7), em Belém, Ananindeua e Marituba. Os alunos responderam a 90 questões objetivas, divididas entre ciências da natureza e matemática.

A prova do Enem 2025 na Grande Belém foi adiada por causa da COP 30. No último domingo (30), foi o primeiro dia com questões de linguagens, ciências humanas e a redação.

O Inep não informou o índice de abstenção no primeiro dia, que já teve o gabarito oficial divulgado. O tema de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) na Grande Belém foi “A valorização dos trabalhadores rurais no Brasil”.

Já nas outras cidades paraenses, o Enem foi realizado em novembro, junto com os demais estados brasileiros.

Alfabetizada depois dos 30 anos
O início da alfabetização veio de dentro de casa: a avó foi quem começou a mostrar as letras quando Débora já tinha mais de 30 anos. A família percebeu, então, que havia mais possibilidades do que imaginavam.

O ponto de virada começou em uma escola pública localizada atrás da casa da família, a Acácio Felício Sobral. Foi ali que Fábio decidiu matricular a irmã, que usava cadeira de rodas e ainda não escrevia com fluidez.
“Fiz a matrícula há 12, 13 anos. Neste ano ela concluiu o segundo grau e agora está aí, fazendo o Enem”, relembra.
Durante esse percurso, Débora enfrentou desafios que iam além do aprendizado. Houve momentos de descrença dentro da própria família, que não imaginava que ela pudesse aprender a ler ou escrever. Também enfrentou dificuldades na escola, especialmente com alguns professores que tinham pouca paciência diante do seu ritmo. Mesmo assim, insistiu. “Ela é um pouco lenta para fazer as coisas, mas nunca deixou de tentar”, resume o irmão.
Persistência
A rotina escolar não foi simples: Débora dependia da família para locomoção, precisava de ajuda para escrever e, em alguns momentos, pensou em desistir. A persistência dela, porém, encontrou apoio dentro e fora de casa.
O irmão destaca a rede que se formou ao redor dela, a avó, que deu início ao processo; uma irmã, que passou anos levando e trazendo Débora da escola, e outros parentes que se revezaram sempre que possível.

“O mérito é todo dela, mas não esquecemos de quem apoiou”, afirma Fábio.
Para além da família, o acolhimento escolar também foi determinante. “Quando levei para matricular, foi a Gorete, da administração, quem acolheu. A direção e muitos professores deram estrutura pra ela. Apesar das dificuldades, teve muito apoio”, diz.

Um futuro possível
Débora concluiu o ensino médio em 2025, ano em que o Enem na Grande Belém teve datas alteradas devido à COP 30. Ao decidir prestar o exame, disse à família que queria continuar os estudos — algo que hoje ela vê como um horizonte real. O irmão conta que ela se interessa por Direito e Pedagogia e que a escolha deve ser discutida depois do resultado.

Para Fábio, o fato de a irmã estar sentada em uma sala do Enem já representa uma vitória. “Se pensar onde começou, ninguém imaginava que chegaria a esse ponto. É uma alegria muito grande”, diz.

Na porta da escola, depois da prova, ele resumiu o sentimento da família. “Quantas pessoas com saúde não conseguem fazer isso? E ela chegou. O resultado importa, claro, mas ela já venceu”.

Fonte: G1 e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 08/12/2025/17:05:31

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